O que é Medicina Hiperbárica?

A Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) é utilizada há mais de 40 anos para tratamento de lesões ou feridas crônicas. É um procedimento realizado dentro de um equipamento estanque (câmara hiperbárica), onde o paciente respira oxigênio, por um período maior que 90 minutos e um número total de sessões que variam de acordo com as patologias.
Consiste na oferta de oxigênio puro (FiO2 = 100%) em um ambiente pressurizado a um nível acima da pressão atmosférica entre duas e três atmosferas absolutas (2 a 3 ATA). A OHB pode ser aplicada em câmaras com capacidade para um paciente (câmara monopaciente ou monoplace) ou para diversos pacientes (câmara multipaciente ou multiplace).
A elevação da pressão parcial do oxigênio no organismo em um ambiente pressurizado aumenta a solubilidade deste gás nos tecidos, diminuindo a hipoxemia (baixa concentração de oxigênio) nas lesões. Com isso, há melhor combate a infeções (devido aumento da atividade fagocitária) e otimiza ação dos antibióticos (sinergismo). Além disso, formação de novos vasos sanguíneos (neoangiogênese através do efeito compensatório da hipóxia) e promoção da cicatrização (otimizando a ação de fibroblastos e auxiliando no processo de epitelização da pele lesada).

A regulamentação da atividade médica hiperbarista no Brasil obedece a:

  1. Resolução 1457/95 do Conselho Federal de Medicina (CFM);

  2. CBHPM – Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos da Associação Médica Brasileira referendada pela Resolução CFM 1673/03;

  3. Rol de Procedimentos Mínimos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (www.ans.gov.br);

  4. Resolução – Agência Nacional de Saúde – ANVISA RDC no 50, de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde; e demais Notas Técnicas;

  5. Ministério do Trabalho, norma regulamentadora NR-15: Atividades e operações insalubres (115.000-6) Anexo 6: Trabalho sob condições hiperbáricas (115.010-3/I4) dos trabalhos sob ar comprimido e dos trabalhos submersos;

  6. Ministério do Trabalho – Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, instituída por portaria ministerial no. 397, de 9 de outubro de 2002 – médico hiperbarista ou médico hiperbárico ocupação 2253-45.

O aumento da pressão reduz os êmbolos gasosos, em razão da lei de Boyle-Marriote (à temperatura constante, o volume do gás é inversamente proporcional à pressão). Essa propriedade física é utilizada para diminuir o volume das bolhas gasosas patogênicas nas embolias gasosas e nos acidentes de descompressão. A oxigenoterapia hiperbárica potencializa a ação de certos agentes antimicrobianos, tais como as sulfas, aminoglicosídeos, vancomicina, cefalosporinas e drogas antilepromatosas, assim como de certos diuréticos, antiarrítmicos, hipotensores e sedativos.
A ação antibacteriana indireta do oxigênio sobre aeróbios se processa através da ação oxigênio-dependente dos leucócitos polimorfonucleares. Embora na vigência de hipóxia os mesmos possam fagocitar células exógenas e inativar certas espécies, a função de oxidação é sensivelmente comprometida na vigência de uma baixa pressão parcial de O 2 local, diminuindo sua eficiência bactericida. A hiperóxia restabelece níveis de oxigênio normais que permitem que os polimorfonucleares oxidem bactérias tais como estafilococos aureus e epidermidis, pseudomonas aeruginosa e escherichia coli.
A Oxigenoterapia Hiperbárica favorece a síntese do colágeno pelos fibroblastos, processo fundamental na cicatrização, sendo largamente utilizado como coadjuvante terapêutico em lesões infectadas ou não (escaras de decúbito, enxertos cutâneos etc.).

O estímulo básico para a migração, divisão e síntese de colágeno por parte dos fibroblastos é a hipóxia, ou seja, o estímulo básico para a angiogênese é a hipóxia. No entanto, são requeridos níveis mínimos de oxigênio para que a síntese de colágeno seja eficiente e viável.
A exposição diária por duas horas de hiperóxia, promovendo condições ideais para a neovascularização, seguida do período restante de hipóxia, que continue a estimular a angiogênese, constitui um esquema eficiente. Nestas condições, processos refratários a regeneração devido a isquemia, passam a reagir, e lesões com complicações mostram processo regenerativo mais rápido. É o chamado efeito compensatório da hipóxia.
Deste modo, a ocorrência da alternância de estados de hipóxia-hiperóxia observada nesses pacientes quando submetidos a sessões intermitentes de OHB, conduzirá a uma estimulação máxima da atividade fibroblástica no tecido isquêmico, com o desenvolvimento subseqüente da matriz de colágeno, indispensável para a neovascularização.
Este mecanismo de ação é observado em casos de úlceras refratárias, queimaduras, enxertos, e retalhos comprometidos, lesões por radiação, assim como em tecidos ósseos infectados, através da normalização da atividade dos osteoblastos.

ABSOLUTAS

Pneumotórax não tratado; Uso de BLEOMICINA no passado; Uso atual de Sulfamilon, Adriamicina, Dissulfiram e Cisplatina.

RELATIVAS

Infecções das vias aéreas superiores; História de convulsões; Enfisema pulmonar com retenção de CO2; Febre alta; Cirurgia torácica recente não drenada; Cirurgia para otoesclerose; Esferocitose congênita; Miopia e catarata; Claustrofobia; Gravidez.

As contra-indicações relativas, uma vez tratadas ou reavaliadas pelo médico quanto aos fatores de risco e benefício, podem ser encaminhadas para a OHB.

MARQUE SUA CONSULTA!!